2.8.14

Ou soma, ou some.

Essa semana um amigo me perguntou por que esta cada vez mais difícil encontrar “a pessoa que nos completa”. A frequência com que as pessoas me questionam isso, me fez escrever esse pequeno texto, expondo meu ponto de vista. Eis aqui:

Primeiro preciso começar com uma verdade cruel.

Bem, não acredito que as verdades sejam cruéis... Mas sei que nem todo mundo esta pronto pra certas verdades... o que é cruel.

A questão é: Sinto muito te dizer, mas não existe pessoa que te completa. Desculpe, mas preciso dizer a verdade.

Mas espere! Continue lendo isso, vou me explicar.

Não existe quem te complete, porque você, meu amigo, não é um pedaço de gente. Você não é um quebra cabeça de criança que perdeu a peça que completa o desenho.

Não é a outra pessoa que te completa. Você precisa estar completo, pra quando esta pessoa chegar.

Antes de esperar que alguém te faça feliz, você precisa ser feliz.
Conheço muita gente que encara a felicidade como se ela fosse uma caixinha de surpresa, em que você joga no colo de alguém e espera que ela faça a mágica por você. Mas a felicidade é uma via de duas mãos, e você precisa sair do modo passivo pra que ela aconteça.

Mas de quem é a culpa por essa grande distorção da realidade?

A culpa é da Disney! Sim, meu amigo. A Culpa é toda dos contos de fadas. Somos de uma geração que cresceu em frente a TV  acompanhando os especiais da Disney, cheios de príncipes, princesas e fabulosos “Felizes para sempre”.

Desde os desenhos da década de 80 pra ca, criou-se a ilusão de que a felicidade é esperar alguém que se encaixa em um padrão de perfeição que não existe. A pessoa perfeita é alguém que não existe fora das telas de cinema. Vivemos em um mundo onde as pessoas acordam com cara de urso panda, tem acne, mau humor, são gordinhas ou magras demais e até sorriem com um pedaço de alface entre os dentes.

E enquanto as pessoas procurarem perfis perfeitos continuarão sendo assolados pelo fantasma da solidão.

Conheço gente assim, que se prende a um perfil de falsa perfeição: magreza, sorrisos brancos de gel clareador, rostos esticados, corpo de academia
e coração podre. Essas pessoas que conheço se acomodaram a esse perfil de relação-troféu. É como se elas estivessem sentadas em uma velha cadeira, por muito tempo, sabem que na cadeira tem um prego que a incomoda, mas a pessoa continua ali, sentada, porque estar ali sentado ainda é melhor que ficar em pé. Com o tempo o prego deixa de incomodar e passa a machucar... o machucado sangra, infecciona, mas a pessoa continua ali sentada, sem saber que se ela se aventurar a se levantar, pode encontrar uma cadeira melhor não muito longe dali, e ganhar de brinde um ângulo muito mais bonito da vista.

Uma vez, ouvi de um diácono, pai de uma grande amiga minha, que em uma relação, você não pode pensar: “quero ser feliz com fulano”. Para ele, um relacionamento de futuro é baseado na seguinte premissa: “quero fazer fulano feliz, e ser feliz por isso”. Se cada uma das partes atender a essa simples regra, as chances de um “felizes para sempre” é grande.

Pessoalmente acredito que as pessoas não completam uma a outra. Elas somam. Somam felicidades, momentos, historias. Elas dividem sonhos, anseios e dores. Elas compartilham juntas a vida.

As pessoas somam. E pra ser feliz, você precisa estar disposto a somar... você tem que estar disposto a essa simples matemática da vida, e entender que as vezes a gente erra no cálculo e vez por outra precisa fazer a escolha de subtrair essa pessoa da sua vida... pra logo depois tentar somar novamente... com um outro elemento.

E se mesmo assim, ainda não for a pessoa que soma na sua vida, que ela suma. Pelo menos, você ganha chances de encontrar o seu próprio conto de fadas.


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