23.12.07

OUTRA HISTORIA

Oh, não! La vem o passado novamente!
Mas dessa vez não o passado de Mahara.
Mahara, já nao via seu passado como antes: via-o como uma historia que perecia ao longo dos fracassos. Uma história passada.
Passado.
Simplesmente.
Não mais que isso.

Mas o passado que a atormentava dessa vez, é um passado que nao foi seu: era o passado do moço dos olhos verdes.
Era um passado dele, que nem mesmo aconteceu.

Mahara já teve medo de muitas coisas...
Já sofreu e chorou por coisas pequenas...
aprendeu que nada disso vale a pena...
Aprendeu que lagrimas de medo nao passam de gotas de sal que escorrem pelo rosto e secam minutos mais tarde.
Aprendeu a não ouvir o que tantos dizem.
Aprendeu a não se importar...
E nao iria se importar com isso.
Ela havia aprendido.

Mas o que a fazia estremecer era ver aqueles olhos verdes que tanto amava, presos num passado talvez inacabado.
E saber que nada poderia ser feito: apenas observava a cena.

Diante da iminência do passado, as mãos dele batiam desesperadamente contra sua própria cabeça, num gesto inutil de afugentar a nostalgia que o acometia.

O silêncio dele a corroia...
De que estaria querendo fugir afinal?
talvez estivesse fugindo dos vários "porquês" e "talvez" que lhe invadiam a mente.
Daqueles "quem sabe se..." que jamais se completarão...
Quem sabe...

Fugia de perguntas que nunca foram respondidas...
Perguntas de nove anos atras...
Dores que ainda nao cicatrizaram.

O silencio parecia lhe doer mais que mil palavras cortantes.
O Silencio.
O nao saber o que acontece...
O só poder imaginar...

Naquele momento, Mahara também mergulhou em lembranças.
Lembranças de quando tudo ainda era recente.
Lembrava-se de olhos verdes tristes, sentado ao chão, a espera de nada.
Lembrava-se de silencio.
Lembrava-se de uma musica que fora composta naquele mesmo dia...
Mais uma de uma grande remessa dedicadas a ela... ao passado...
... quem sabe tenha sido culpa do tempo...

Agora, nos olhos tristes e verdes, talvez, o passado tenha se perdido pra sempre:
Daqui pra frente, seu passado desfilaria com brilho nos olhos e dedos...
Estava prestes a casar-se com outro alguem.
Um outro que nunca fora ele.
E isso o fazia triste.

Ele acometido de nostalgia.
Mahara de medo.
Medo tolo e infantil, como todo medo.
Um medo que não é capaz de lutar contra.
Medo do que não lhe pertece.

A unica coisa que lhe restava era amar...
Amor...
E só...

Do passado, o que pode fazer é esperar.
Esperar que o tempo amarele as fotografias...
enrugue as faces...
torne velho o novo...

O tempo faz certo...