15.7.07

Son(h)o...

Lá esta ela a vigiar seu sono silencioso. Ele dorme despreocupadamente.
O relógio dita as horas. Já é tarde e o sono a invade. Mas não fecha os olhos, continua a contempla-lo: Seu rosto relaxado e sua respiração profunda e pausada a prendem.

Observa-o.
Há silencio.
Há frio.

Por instantes pede como em prece que o mundo permaneça em silencio, e que o frio não seja tão severo para não perturbar a serenidade de quem tão docemente ela observa: o rosto dele esta pousado em seu colo, ela sente sua respiração, vislumbra seu rosto... os lábios próximos formam suave “biquinho”.

Ela ri.
Ele abre os olhos: sorri. Um riso frouxo.
A voz rouca resmunga qualquer coisa: Ela não consegue distinguir o que.
Ele esconde o rosto.

Ela o contempla como quem vigia o sono de uma criança pequena.
Acaricia os cabelos.
Ele sorri. Seu rosto inchado parece tornar aquele sorriso ainda mais doce.
E como ela adora seu sorriso. A visão de seu sono a acalma.

Passa os dedos levemente nas costas mornas.
Percebe o arrepio lhe correr os músculos. Esta ainda tão tomado pelo sono que lhe faltam forças para esquivar-se.
Ela sorri. Registra cada momento. Cada movimento. Cada bocejo.

Ela fecha os olhos.
De repente o som do mundo lá fora se faz ouvir.
Abre então os olhos como quem desperta de um sonho.
Um sonho do sono de quem ama.

9.7.07

Frágil(idade)

De repente sentiu-se invadida por uma onda de sentimentos
Assim como tsunami devastadora sobre uma pequena aldeia.
Sentiu-se pequena, sentiu-se frágil.
Novamente sentiu o medo que sentem as crianças frente ao desconhecido.

Viu nos olhos que ela tanto adora uma nuvem espessa de incertezas.
Fez-se então silencio entre eles.

Sentiu-se pequena,
Sentiu-se frágil,
Sentiu-se infantil,
Sentiu-se.

Escondeu seu rosto pra não ver o que não queria.
Soluça.
Luta.
Chora.

As lagrimas rolam sobre seu rosto tímida e incontidamente.
Há tanto não se sentia assim:
Sem domínio de nada, nem das próprias lagrimas.

Sente o conforto dos braços acolhedores lhe envolver seu corpo encolhido.
Sente o afago das mãos sobre seu rosto e cabelos.
Ouve as palavras proferidas dos lábios, que ao final a tocam.

Abre os olhos.
Não vê mais a nuvem espessa.
Vê um olhar preocupado em mostrar que tudo não passou de devaneio,
Pensamentos soltos.

Ouve com atenção.
Guarda para si.
Em seu peito uma aldeia se refazendo após devastadora tsunami.
Ainda frágil, pequena, insegura, assim como uma criança frente ao desconhecido.