8.6.10

"...
Não conseguia se lembrar da última vez em que estivera verdadeiramente feliz, quando alguém ou algo a fazia rir tanto que seu estômago a incomodava e seu maxilar doía. Sentia falta de ir para cama à noite sem absolutamente nada na cabeça, sentia falta de apreciar a comida, em vez de comer ser apenas algo que precisava enfrentar a fim de continuar viva, detestava as contrações na barriga cada vez que se lembrava de Gerry. Sentia falta de apreciar seus programas de televisão favoritos, em vez de apenas assisti-los sem interesse, somente para passar as horas. Detestava não ter motivo algum para acordar; detestava a sensação que tinha quando acordava. Detestava não sentir excitação alguma e não ter nada por que ansiar. Sentia falta de ser amada, de saber que Gerry a estava observando enquanto ela assistia à televisão ou comia seu jantar. Sentia falta dos olhos dele sobre ela quando entrava em um cômodo; sentia falta dos seus toques, seus abraços, seus conselhos, suas palavras de amor.
[...]
E detestava pensar no que sua vida poderia setransformar quando não houvesse mais Gerry. Lembranças eram ótimas, mas era impossível tocá-las, cheirá-las ou segurá-las. Elas nunca eram exatamente como o momento havia sido, ecom o tempo se apagavam."

Do Livro P.S. Eu te Amo.
(Cecelia Ahren)

31.3.10

Walk Away

"Solidão é ferida exposta.
É quando a porta se fecha, e o amor fica do lado de fora."

E os amigos dela dizem:
vira a pagina ...
Muda o Jogo...
Muda a cara...
Segue a vida!

Tão fácil dizer. Tão difícil executar.
Mas só ela sabe o que ela sente as onze horas da noite de um dia qualquer da semana.

Ela sabe que precisa seguir em frente.
Ela sabe que as vezes, as vezes, ela precisa simplesmente partir.
Rumar para outro lugar.
Viver outros sonhos.
Walk away.

Mas o que a impede?
O que prende os pés dela nessa dor que lhe consome?

Ela sente medo.
Medo do desconhecido.
Medo de aprender que pode ser feliz, mesmo longe de tudo que (acreditava) parecia ser verdadeiro: “tudo o que sempre sonhou”.

Ela tem medo de reiniciar a caminhada, agora sozinha.
E como é difícil dar o primeiro passo quando o chão parece ainda tremulo após um terremoto avassalador.
Se sente soterrada pelos escombros de seus sonhos:
Seus planos, seus desejos, sua felicidade, sua verdade e amor caíram por terra.
Caíram sobre ela

As onze horas ela se sente vazia.
Um vazio que dói. Dilacera seu peito.
Por vezes, tem a impressão que estão lhe rasgando o peito com mãos sedentas por sua dor e sofrimento.
E o desespero lhe consome, quando percebe que jamais será resgatada.
A solidão ecoa nas paredes da sala.
Esse silencio a ensurdece.
A noite cai, e os únicos que lhe fzem compania são os seus demônios interiores...
Ela precisa ir.
Walk Away.

7.3.10

Quanto tempo dura uma semana?

Domingo.

Deitada ao seu lado ela acompanha seu sono: o ritmo suave de sua respiração, o cheiro morno de sua pele, o rosto relaxado sobre o travesseiro colorido.
Sente vontade de se entregar ao sono também. Mas tenta loucamente lutar contra seu cansaço: o tempo ditava sua passada rápida, o domingo já escorria noite a dentro lá fora, a semana logo começaria frenética e incompassível, e a distancia se faria cruel e real.
Ela o abraça.
Ele dorme.
Sente que seu coração pulsa tão rápido que, por um momento, tem medo de acordá-lo com o som de suas batidas.

Um dia lhe disseram que amor ameniza com o tempo.
Ou que amar vira costume.
Mas ela sente como se cada dia fosse novo começo: sente-se ainda ansiosa minutos antes de vê-lo; o toque suave do seu corpo contra o dele ainda a fazia ter arrepios, o som suave da sua voz possuía o mesmo dom de acalmá-la, o perfume natural de sua pele ainda a inebria... o amor ainda corre quente em suas veias.

Ele acorda.
Seus olhos suavemente inchados olham-na.
Ela grava essa imagem em sua mente... por toda semana que logo iniciaria essa imagem a acompanharia até que um novo final de semana se fizesse.

Cinco dias esperando dois...
Cinco dias desejando que o final de semana se arraste pra suprir sua necessidade de carinho.

Ele a deixa em casa.
O radio ligado toca musicas da moda do momento.
Mas ela ainda só conseguia ouvir o pulsar de seu coração, agora mais descompassado, apertado, cheio de saudade já evidente.

Abraça-o.
Não conseguiu conter as lagrimas que rolaram sorrateiramente pelo rosto.
Sussurra que o ama, e em silencio pede em oração que a semana não se demore a passar.
Fecha a porta atrás de si, e espera no portão ver a imagem dele sendo levada pelo carro.

Entra.
Sente frio.
Não o frio “sensação térmica”. Mas sim o frio da ausência do calor do corpo dele.
Sem sono, senta-se a frente do computador.
Seus dedos correm o teclado como se tivesse vida própria.
Na tela a pergunta de sua alma: Quanto tempo dura uma semana?