10.8.07

Gotas de Sal...

Como um pequeno barco que é arremessado contra o cais em furiosa tempestade.
Toda a calmaria é precedida de momentos tempestuosos.
Isso ela sabia.
Sempre o soube.

A água quente que sai do chuveiro embaça o espelho.
As gotas caem, batendo em seu corpo tremulo.
Ela treme.
Mas não tem frio.
Treme de uma mistura de dor e ódio, medo e angustia.
Suas lágrimas se confundem às gotas que caem do chuveiro, que parecem querer confortá-la de alguma forma.

Ela chora.
Tem vontade de gritar. O grito emudece em sua garganta.
Ela desiste.
Esta cansada de palavras. Cansada de tudo...
Cansada de ouvir que, se ela não existisse, tudo seria melhor.

Ela limpa o espelho, na altura de seus olhos.
Do seu reflexo, escorrem duas gotas certeiras, como se até seu reflexo estivesse em pranto.

Enxuga o espelho.
Enxuga o rosto.
Lágrimas são gotas de sal, e só.