30.1.07

Pra onde sopra o vento?

Lá está ela novamente, perdida em meio ao nada.
À sua frente, um caminho que se bifurca ao longe. Há duvidas em seus olhos, lágrimas em seu rosto, lembranças em sua mala.

Há vento batendo em seu rosto. Secando-lhe as lágrimas que ainda descem tímida e silenciosamente. Vento suave lhe indicando o caminho.

Caminhos.
Talvez não o certo. Talvez não o errado. Mas um caminho.
Há caminho certo? Há caminho errado?

Vento amigo.
Companheiro distante.
Vem não se sabe de onde e volta para o mesmo lugar.

Ventania.
Que lhe enche de magia as tardes.
E lhe põe sorrisos ao avançar da noite.

Brisa que lhe faz bela em dias tão comuns como seus olhos.
Que acalma quando há nuvens tempestuosas a lhe rondar.
Que afasta os maus presságios, lhe trazendo boas novas...

Ela caminha.
Caminha só.
Mesmo quando não há vento.

Sem saber quando terminará sua caminhada,
Ou quando encontrará o que procura...
E o que procura?

Só o tempo dirá...
Talvez o vento surja e guie seu rumo solitário por um tempo.
E a noite a acompanha lhe servindo como confidente.

Só a noite saberá o que nem a folha alva é capaz de guardar em segredo...

Enquanto isso ela apenas caminha.

(em: 31/01/06)

publicado depois de um tempo sem textos realmente novos...
depois de ter-me o vento sussurado os ouvidos clamando por novas linhas...
ao vento...!

17.1.07

Sorte


Não acredito em pessoas que dizem poder prever o futuro... da ultima vez que me deixei aconselhar por uma delas, suas palavras tornaram-se uma cruel realidade... é melhor não acreditar, e fingir que as coisas possam ser diferentes, e fantasiar que sua vida não é nada daquilo que foi dito...:

Fez-se inverno os dias de verão. O céu, o mar e tudo o mais tornou-se cinza, incomum quando o calendário marca a estação mais quente do ano. Era como se a natureza toda quisesse manifestar-se diante do ocorrido na noite de segunda feira.
Ontem sai, e caminhei sem rumo certo.
Sob um céu de muitas nuvens e poucas estrelas pedi que chovesse... a chuva, às vezes, tem poderes terapêuticos.
Minhas preces foram ouvidas, a chuva tão esperada veio, mais não com a intensidade implorada pelos meus pedidos, garoou fino, e em cinco minutos já não se via mais sinal da tão esperada chuva...
No caminho de volta pra casa, encontrei alguns amigos jogando cartas. Riam alto, à ouvir-se de longe. Um jogo descontraído, do qual a única aposta era de que o perdedor pagaria a próxima rodada de bebidas a todos da mesa.
Fui convidada a juntar-me a eles. Inventei uma desculpa qualquer, e permaneci como espectadora.
A certa altura, o jogo já não era mais tão levado a serio. Apenas um dos jogadores parecia não estar muito satisfeito, pois desde que se sentara junto à mesa fora ele quem tivera que pagar as muitas rodadas que se passaram.
Este, então, atirou as cartas na mesa com os “naipes” voltados para cima, juntamente com a quantia que seria revertida em mais bebidas, levantou-se e saiu resmungando qualquer coisa. Em resposta, uma voz da mesa retrucou:
- calma meu amigo, como dizem por ai: “alguns tem azar no jogo, mais sorte no amor”...
E todos deram uma gostosa gargalhada.
Recebi novamente o convite de juntar-me a eles, agora, para ocupar o lugar que ficara vazio.
A frase daquela voz desconhecida ecoou em minha cabeça.
Agradeci o convite e sai o mais de pressa possível...
... não queria descobrir qual era a minha sorte...
Helen Mezoni
22/12/2004